Grupo Móvel resgata 27 trabalhadores em condições análogas à escravidão no Maranhão

O Ministério do Trabalho, por meio da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, montou ação fiscalizadora no Maranhão entre os dias 12 e 22 de julho. Como resultado da operação, foram resgatados 27 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em duas fazendas de criação de gado para corte. Foram lavrados cerca de 80 autos de infração, que serão convertidos em multa. O Grupo Móvel foi composto por cinco Auditores do Trabalho, um Procurador do Trabalho, um Defensor Público Federal, e cinco Policiais Federais, que garantiram a segurança da equipe.

No total, foram encontrados 22 trabalhadores em situação degradante na Fazenda Lago Azul, no munícipio de Brejo de Areia, e outros cinco na Fazenda Rancho Rico, localizada no município de Arame. Após o flagrante, a equipe de fiscalização determinou a retirada imediata dos empregados das fazendas. Auditores Fiscais do Trabalho emitiram Carteira de Trabalho para oito trabalhadores que sequer possuíam o documento.
Precariedade de alojamentos e instalações sanitárias foram as principais irregularidades constatadas. Os funcionários dormiam em redes dentro de alojamentos precários e não havia banheiros no local. Nenhum dos trabalhadores tinha registro na carteira profissional.

Alojamento de trabalhadores na Fazenda Lago Azul
Alojamento de trabalhadores na Fazenda Lago Azul

O proprietário da Fazenda Lago Azul pagou as verbas rescisórias, que ultrapassam R$ 160 mil. Apesar disso, não houve acordo sobre a rescisão pelo tempo de trabalho ocorrido de forma irregular entre outros direitos trabalhistas. O empregador da Fazenda Rancho Rico negou o pagamento do valor referente às rescisões.

Diante da negativa, o procurador do Trabalho, Antonio de Oliveira Lima, e o defensor público federal, Eduardo Flores Vieira, ajuizaram duas ações na Justiça. A primeira trata do bloqueio de bens do proprietário; a segunda, solicita o pagamento das verbas rescisórias e indenizações individuais pelos danos morais. A audiência para definir os valores a serem repassados será realizada na Vara do Trabalho de Barra do Corda (MA) em agosto. Os responsáveis pelas fazendas terão processos abertos na Justiça do Trabalho e na Justiça Federal.

Local utilizado por trabalhadores para tomar banho na Fazenda Lago Azul
Local utilizado por trabalhadores para tomar banho na Fazenda Lago Azul

 

André Wagner Dourado, auditor fiscal do Trabalho e coordenador da ação, destacou a importância de combater o trabalho escravo: "Essas ações combatem condições indignas de trabalho e efetivam direitos previstos em tratados e convenções internacionais, bem como na legislação brasileira. Também, são importantes na conscientização da sociedade sobre os males causados por este tipo de exploração".

Segundo o procurador do Trabalho do MPT-CE, Antonio Oliveira Lima, todos os trabalhadores tinham um histórico de trabalho infantil e abandono escolar. Para ele, a constatação confirma que o trabalho infantil é a porta de entrada para o trabalho escravo. "Todos eles declararam ter começado a trabalhar entre 5 e 15 anos de idade; os mais novos abandonaram a escola entre o 1º e 6º ano do ensino fundamental; os mais velhos não chegaram a frequentá-la", informa.

Local utilizado por trabalhadores para tomar banho na Fazenda Rancho Rico
Local utilizado por trabalhadores para tomar banho na Fazenda Rancho Rico

 

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