Instituições repudiam uso de drones na pulverização aérea de agrotóxicos no Ceará

A prática potencializa os riscos para a saúde humana e o meio ambiente

Representantes do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos e de fóruns estaduais emitiram notas de repúdio a dois projetos que tramitam na Assembleia Legislativa do Ceará os quais visam modificar o teor da Lei nº 16820/2019, conhecida como lei Zé Maria do Tomé, autorizando a pulverização aérea de agrotóxicos em território cearense, com uso de drones.

O Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, por meio de manifesto, apresentou diversos argumentos contrários ao uso de pulverização por drones na agricultura. Entre eles, consta que a pulverização aérea potencializa os danos causados pelos agrotóxicos por conta do desvio do volume pulverizado, ocasionando, assim, contaminação do solo, da água e do ar, além de afetar trabalhadores, moradores, animais e plantas que se encontram no entorno da aplicação.

No documento, reforça-se que diversos agrotóxicos usados no Brasil – incluindo a técnica de pulverização aérea - são proibidos na União Europeia devido ao comprovado potencial danoso à saúde. Mesmo banidas na Europa, as substâncias nocivas continuam em uso no país, gerando impactos e intoxicações na saúde humana, animal e ambiental.

A Coordenadora do Fórum Cearense de Combate aos Impactos do Uso dos Agrotóxicos (FCCIUA), Georgia Aragão, manifesta preocupação com a tentativa de liberação do uso de drones para pulverização de agrotóxicos na agricultura cearense. Ela ressalta que a aprovação e utilização do uso de agrotóxicos, por meio de aeronaves remotamente pilotadas (ARP’s ou drones), contraria o disposto na lei Zé Maria do Tomé e nos Princípios do Não Retrocesso Ambiental e da Precaução, os quais sobrepõem a proteção à vida em detrimento de incertezas científicas.

Também destaca que não há estudos suficientes sobre a extensão da deriva ocasionada por esse tipo de técnica, não sendo possível delimitar a distância segura. Além disso, há outros agravantes envolvidos, quais sejam: as exigências legais para a habilitação de operadores de drones são extremamente frágeis; altos riscos de manuseios dos agrotóxicos e dificuldade em fiscalizar os tipos de substâncias usadas nas pulverizações.

Leia aqui a íntegra da nota do Fórum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos

Leia aqui a íntegra da nota do Fórum Cearense de Combate aos Impactos do Uso dos Agrotóxicos (FCCIUA)

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