Fórum nacional divulga “Carta de Fortaleza” em repúdio à redução da maioridade penal
Integrantes da rede nacional de combate ao trabalho infantil e defesa dos direitos de crianças e adolescentes reunidos na capital cearense divulgaram hoje a Carta de Fortaleza, em repúdio à proposta de redução da maioridade penal que tramita no Congresso Nacional (veja texto na íntegra). O documento - dirigido a deputados e senadores da República, aos meios de comunicação e à população em geral - destaca que “as propostas de redução da idade penal decorrem de uma compreensão equivocada dos problemas sociais”.
A carta foi aprovada no Fórum Nacional de Proteção e Erradicação do Trabalho Infantil - realizado nesta quarta-feira (17), em Fortaleza - ressalta também que “as causas da violência e da desigualdade social não serão resolvidas com leis mais severas”. Para o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Ceará, reduzir a maioridade penal é tratar o feito e não a causa. “A educação é primordial para qualquer indivíduo se tornar um cidadão, mas no Brasil milhares de jovens pobres não têm essa oportunidade”, alerta Antonio de Oliveira Lima.
Nos debates, a comissão que redigiu a Carta de Fortaleza lembrou o fracasso da medida em outros países, no combate à criminalidade juvenil, onde jovens que cumpriram pena em penitenciárias voltaram a delinquir e de forma ainda mais violenta. No Brasil, 70% dos adolescentes que ingressam no sistema penal voltam a praticar crimes, enquanto a reincidência no sistema socioeducativo não chega a 20%.
Segundo reportagem publicada pelo Correio Brazilliense, o governo vai agir em duas frentes para reverter a derrota a sofrida com a aprovação, na comissão especial da Câmara, do projeto de lei que reduz de 18 anos para 16 anos a maioridade penal nos casos de crimes de sangue ou hediondos. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, abriu diálogo com outros ministérios ligados ao tema e entidades da sociedade civil organizada, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para mostrar que a redução da maioridade penal amplia o debate para outras áreas, como voto aos 16 anos, redução da permissão para dirigir e até questionamentos sobre trabalho e exploração sexual de crianças e adolescente. O projeto deve ser votado no plenário da Câmara no dia 30 deste mês.
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