Trabalho escravo: 68 trabalhadores resgatados em 2014

Em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira (28/1), o Grupo de Fiscalização Móvel de Combate ao Trabalho Escravo – formado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará (SRTE/CE), Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT/CE), Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal – divulgou que, em 2014, foram resgatados 68 trabalhadores em condições análogas à escravidão no Ceará. Além disso, foram lavrados 121 autos de infração, o que gerou indenizações em torno de R$ 111.800,00.

Os dados foraam apresentados em entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira na sede da SRTE

A maior parte dos resgates ocorreu na cadeia produtiva da carnaúba, mas também foram identificados casos na indústria da cerâmica, construção de cercas e na pesca. Para o procurador do Trabalho, Leonardo Holanda, “a chaga do trabalho escravo está bem mais próxima do que se imagina e contamos com o apoio da sociedade para identificar esses casos”. Ele comentou que muitos trabalhadores foram encontrados em condições degradantes e que os patrões alegam desconhecimento sobre os direitos trabalhistas. “Será que a pessoa que contrata não tem noção de que é necessário fornecer água potável para seus empregados ou mesmo que no alojamento tem de ter um banheiro?”, argumentou.

O chefe da Seção de Inspeção da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Ceará, Luís Alves, comentou que em 2015 a intenção é apertar o cerco também contra o trabalho em condições análogas à escravidão no setor urbano, já que todos os casos identificados em 2014 foram na zona rural. Luís Alves também traçou um perfil do trabalhador que é resgatado. “A maioria é homem, 80% são afrodescendentes, são em sua maior parte analfabetos funcionais e 92,6% deles foram trabalhadores quando crianças, o que demonstra que o trabalho infantil é a porta de entrada para vários tipos de violação”, comentou.

O Superintendente do Trabalho e Emprego no Ceará, Francisco Ibiapina, alertou sobre os canais e parceiros que existem para combater o trabalho análogo à escravidão. “Hoje temos o Disque 100, no qual podem ser feitas denúncias de qualquer tipo de violação de Direitos Humanos, além disso, no caso específico do trabalho escravo contamos com o apoio da Pastoral da Terra e da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo”, afirmou.

Trabalhadores resgatados no Ceará

2006 - 88
2007 - 19
2008 - 192
2009 - 20
2013 - 96
2014 - 68