MPT-CE e ISBET realizam aula inaugural do Projeto Integração 2023

A iniciativa busca qualificar e inserir no mercado de trabalho adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social

Na última sexta-feira (03), foi realizada a formatura de dez jovens da primeira turma do Projeto Integração e a recepção dos novos alunos. O evento ocorreu no auditório da Procuradoria Regional do Trabalho, em Fortaleza. O projeto é fruto da parceria entre o MPT-CE e o Instituto Brasileiro Pró-Educação, Trabalho e Desenvolvimento (ISBET) e conta com o apoio de empresas, órgãos públicos e entidades da sociedade civil.

O objetivo da ação é capacitar, por meio do Programa Jovem Aprendiz, adolescentes e jovens em situação de risco social para que tenham oportunidade de ingressar no mercado de trabalho. Além do projeto em destaque, o MPT-CE e o ISBET já desenvolveram o projeto Recomeçar, também voltado a adolescentes e jovens socialmente vulneráveis.

AGENTES TRANSFORMADORES

Emanuelle Marjuria, gestora do ISBET e coordenadora do projeto, explicou o trabalho desenvolvido pelo instituto e a importância da adesão de empresas ao programa de capacitação. “A ideia é que a empresa cumpra a cota de aprendizagem que já é obrigatória, mas com um viés totalmente social, com a responsabilidade social mesmo, porque quando se dá oportunidade a um adolescente, você estará ajudando a sociedade como um todo, inclusive reduzindo a violência”, afirmou.

Além de atender à previsão constitucional, contratar adolescentes e jovens reforça a conscientização comunitária e cria condições para a elaboração de políticas públicas. “O programa de aprendizagem, por natureza, é uma das políticas públicas que melhor combatem as atividades que são insalubres ao menor de idade”, destacou a coordenadora.

Segundo Emanuelle, a capacitação é adaptada ao perfil do aprendiz e engloba noções de marketing pessoal e de aperfeiçoamento profissional, sendo uma das exigências a comprovação da matrícula escolar. Ela comemorou o resultado da primeira formação. “Nessa primeira turma tivemos dois jovens que foram contratados e hoje são empregados pelo regime CLT da empresa”. A gestora afirmou que os números são significativos, afinal “são dois jovens que, de fato, se desenvolveram”.

Um dos aprendizes contratados é o técnico em informática Carlos Victor Cavalcante (19). Durante o evento, ele compartilhou a experiência obtida e agradeceu a oportunidade de efetivação. “Estou completando o meu programa de jovem aprendiz e sou muito grato a todos pela oportunidade e a toda aprendizagem que tive”.

A assistente social do ISBET, Pamylla Lira, ressaltou a importância do trabalho realizado junto às famílias. “É um trabalho de acompanhamento, tendo em vista que o público que a gente recebe é de extrema vulnerabilidade social, oriundo de medidas socioeducativas, de acolhimentos institucionais e de repúblicas, ou seja, são jovens que tiveram seus direitos violados”.

O projeto, além de ser uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional, resgata a cidadania e os sonhos. Pamylla citou uma das formas de acompanhar a evolução dos aprendizes no Integração. “Existem alguns indicadores de desenvolvimento das competências, como assiduidade e pontualidade, tudo em prol para que o jovem consiga o objetivo principal desse programa, que é a colocação efetiva no mercado de trabalho”, conclui.

Complementando a fala de Pamylla, a educadora social, Rose Lima, evidenciou a importância do projeto e o trabalho integrado, direcionado e acolhedor desenvolvido pela instituição. Ela disse que atua junto aos instrutores “para que os aprendizes tenham comprometimento, reconheçam e saibam aproveitar essa oportunidade”.

 MPT EM AÇÃO

O procurador do MPT-CE, Antonio de Oliveira Lima, exaltou a parceria com o ISBET e destacou a problemática da empregabilidade de jovens, especialmente os que se encontram em situação de maior risco social. “Quando a gente pensa numa política pública para jovem aprendiz, a gente tem que pensar nesse jovem, nesse adolescente de maior vulnerabilidade e esse é o objetivo do Projeto Integração, criar oportunidades para adolescentes e jovens, prioritariamente, os que estão em situação de maior vulnerabilidade”.

Em sua fala, o procurador apresentou um dado alarmante: cerca de 98% dos adolescentes que estão em situação de trabalho no Ceará, na faixa etária entre 14 e 16 anos, não atuam como aprendizes, mas sim, exercem trabalho infantil. Nesse sentido, afirmou existirem retrocessos que circundam a questão e o MPT tem atuado efetivamente para coibi-los.

Ele também destacou a importância de as empresas apoiarem o Projeto Integração. “As empresas que estão aqui hoje são vitrine para outras que ainda não adotam o critério social no momento de selecionar os seus aprendizes”. No intuito de conscientizá-las, o procurador ressaltou: “Vamos tentar uma audiência pública com as empresas, apresentar esse projeto como um piloto, uma possibilidade, porque nosso objetivo é que essa ação se multiplique e chegue ao seu público prioritário. Por isso é tão importante termos aqui os CREAS, os acolhimentos, os conselheiros tutelares, ou seja, todas as pessoas que lidam com as vulnerabilidades”.

Ao final, realizou uma dinâmica com os novos alunos para entender as perspectivas em relação ao futuro e coletou depoimentos dos formandos para compartilhar os aprendizados com os que estão iniciando.

REDE DE APOIO

O Instituto Compartilha, um dos apoiadores do projeto, foi representado no evento pela presidente Maria Heleni Lima da Rocha. Em sua explanação, apresentou a instituição e compartilhou a experiência de se destinar vagas aos jovens aprendizes. Ela ressaltou, também, a importância de as organizações adotarem o viés social em sua atuação.

Por fim, destacou o trabalho integrativo realizado pelo Instituto. Segundo Heleni, o trabalho do Compartilha é diferenciado porque há uma equipe multidisciplinar para dar suporte ao aprendiz. Além disso, o jovem é acompanhado de três formas, ou seja, “no trabalho, na família e na escola”.

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