Rede Peteca promove seminário sobre prevenção ao bullying e outras formas de violência nas escolas

O encontro virtual fez alusão ao Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência Escolar celebrado em 7 de abril

No dia 8 de abril, a Rede Peteca realizou o seminário “Prevenção ao bullying e demais violências nas escolas” no seu canal no YouTube. O encontro integra o calendário de formação continuada da Rede Peteca e teve como mediador Antonio de Oliveira Lima, procurador do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE) e coordenador da Rede.

A primeira convidada do evento foi Cirlene Zimmermann, procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT) e coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho (Codemat). Cirlene Zimmermann também é gerente do projeto “Segurança e Saúde nas Escolas”, que tem como escopo oferecer condições para que o trabalho decente seja assegurado no ambiente escolar.

A procuradora do Trabalho disse que o combate ao bullying escolar é uma das principais preocupações do projeto mencionado. “Esse assunto está diretamente relacionado à questão da saúde mental. Por meio do projeto “Segurança e Saúde nas Escolas”, nós temos a intenção de levar o tema da segurança e da saúde do trabalho para os estudantes, para que, de fato, eles tenham essa compreensão da importância de ambientes e trabalhos seguros”, destacou.

Ela enfatizou que a discussão sobre bullying nas escolas é tema previsto na lei de diretrizes e bases da educação nacional e ressaltou a importância de “se reconhecer os riscos físicos, químicos, biológicos e, também, psicossociais no ambiente de trabalho” para que as instituições possam desenvolver medidas de prevenção.

Em seguida, a estudante Maria Eloisa, da cidade de Assaré (CE), também participou do encontro virtual. A jovem relatou como se inicia o bullying e explicou que a prática tem a capacidade de afetar qualquer indivíduo, independentemente da idade e do ambiente em que está inserido. “Muitas pessoas pensam que o bullying só ocorre entre crianças e adolescentes, mas não, ele ocorre em qualquer idade e em qualquer local. Desde as escolas, onde os casos são mais comuns, e até mesmo em ambientes de trabalho”, pontuou.

Luísa Carvalho, procuradora do MPT e coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância), foi a terceira participante do seminário. A procuradora do Trabalho informou que houve uma alteração recente no Código Penal brasileiro que criminaliza a prática do bullying e reiterou que a legislação brasileira também a caracteriza como uma intimidação sistemática. “Basicamente, essa palavra vai designar atos de violência, tanto física quanto psicológica, que podem ser praticados individualmente ou por um grupo de pessoas contra alguém que, muitas vezes, é visto como uma pessoa que está numa posição de inferioridade”, afirmou.

Na sequência, foi concedida a fala ao advogado Carlos de Melo, representante do Instituto Zeza Weyne. Atualmente, o profissional vem difundindo práticas restaurativas nas escolas como forma de lidar com o bullying e outras violências. O advogado aponta o bullying como uma forma de agressão bastante complexa. “Ele não existe isolado da sociedade. [...] O bullying não é um fenômeno que destoa do resto da nossa cultura; na verdade, é o reflexo de uma cultura que também é muito violenta. Digo que é complexo porque existem muitas questões que envolvem esse fenômeno, como masculinidades tóxicas, racismo, elitismo e tantos outros preconceitos que nós vivenciamos e que acabam servindo de desculpa para reduzir um ser humano em face de outro.”, explicou.

A outra convidada foi a estudante Regina Estela, do município de Forquilha (CE). A adolescente afirmou ter sofrido bullying e disse que a prática é constante nas escolas. “Eu tenho algumas experiências com o bullying que eu vivenciei e presenciei na minha infância. Falar de bullying é algo, infelizmente, comum. A maioria das pessoas conhece e já viu alguém sofrer consequências por conta disso. A partir do momento que a pessoa sofre bullying, ela tende a se fechar. Se for uma criança, por exemplo, ela vai deixar de ser aquela pessoa ativa e vai se afastar do seu ciclo de amizade”. A jovem ainda destacou que as vítimas de bullying podem perder o interesse pela escola e, até mesmo, deixar de frequentá-la.

A live também contou com a presença da escritora Anna Luiza Calixto. Ela afirmou que, para falar sobre o bullying, é necessário entendê-lo como uma forma de violência. “Esse é o primeiro passo, é a premissa para essa discussão do dia sete de abril retomada aqui no seminário da Rede Peteca. Porque o primeiro passo para a gente banalizar o bullying é achar que ele é uma brincadeira, uma piada de mal gosto, que acontece todo dia, replicando e reproduzindo hereditariamente, de forma viciosa e geracional, falas que tendem a minimizar e a atenuar os impactos dessa violência na vida de crianças e adolescente no Brasil e no mundo”, reforçou.

Após a conversa com a escritora, o procurador do Trabalho Antonio Lima disponibilizou os materiais apresentados pelos convidados e abriu espaço para que respondessem as perguntas feitas no chat. Ao final, o coordenador da Rede Peteca convidou todos a se inscreverem no curso “Participação e protagonismo de crianças e adolescentes na luta contra o trabalho infantil e contra outras violações de direitos da criança e do adolescente”, promovido pela Escola Superior do Ministério Público da União (MPU) e que ocorrerá no dia 30 de abril. O evento será transmitido pelo canal da Escola Superior do MPU no YouTube.

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