Simpósio discute equidade racial e de gênero no MPT

Abertura contou com palestra da cientista política Flávia Biroli. Procuradores debatem condições de trabalho e empoderamento até sexta-feira (19), em oficinas na ESMPU

Brasília – O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, participou da abertura do simpósio “Perspectivas de gênero e não discriminação étnico-racial no Ministério Público do Trabalho”, nesta quinta-feira (18/10), na Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), em Brasília.

O evento termina na sexta-feira (19) e é voltado apenas para procuradores do Trabalho. “Hoje, o MPT tem mais mulheres que homens. Servidoras e procuradoras ocupam quase 60% dos cargos de chefia. Mas esse número está longe de ser o suficiente”, afirmou o PGT no simpósio, realizado em parceria com a ESMPU.

Para Fleury, a instituição tem o dever de saber conviver com a diversidade. “Buscamos transformar essa obrigação em realidade por meio da Política Nacional de Gênero, Raça e Diversidade e das cotas para pessoas com deficiência e para negros e negras em concursos para procurador do Trabalho. Além da Portaria 1.036/2015, que garante a transexuais o uso do nome social e de banheiros de acordo com a identidade de gênero”, contou Fleury. 

Homenagem – As discussões sobre gênero e raça ocorrem em formato de oficinas, em cinco eixos. São eles: ingresso na carreira, permanência e movimentação na carreira, condições de trabalho, carreira e família e empoderamento.

As oficinas foram batizadas com nomes de mulheres ilustres: Sônia Taciana Sanches Goulart (primeira juíza do Trabalho do Brasil); Antonieta de Barros (primeira deputada estadual negra); Myrthes Gomes de Campos (primeira mulher a exercer a advocacia no país); Margarida Maria Alves (primeira mulher presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais) e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (o “Anjo de Hamburgo”. Ela ignorou leis antissemitas e conseguiu vistos para judeus, perseguidos pelo 3.º Reich de Adolf Hitler, se refugiarem no Brasil).

Desigualdade

A pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Flávia Biroli palestrou na abertura do evento. A professora Associada do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília, coordenadora o Grupo de Pesquisa sobre Democracia e Desigualdades (Demodê), tratou das raízes da discriminação no trabalho.

Segundo Flávia, 43 milhões de mulheres estão fora da força de trabalho. “Hoje, as mulheres não são exatamente excluídas da esfera pública. Mas entram em condição de desvantagem, provocando a precarização da vida feminina, especialmente para as negras, o que causa a falta de cobertura previdenciária. A gente vive mais, porém fica desassistida na velhice”.

A estudiosa lembrou que as trabalhadoras ganham cerca de 25% menos, mesmo tendo mais anos de estudo que os homens. A rotatividade no trabalho também é maior (elas permanecem no emprego 7,2% menos). Destaca, ainda, que negras e pardas são maioria no trabalho informal. O índice de mulheres negras desempregadas também é maior do que de brancas.

“Essa diferença salarial é a atualização de responsabilização desigual por outros aspectos da vida, como o trabalho doméstico e o cuidado com as crianças. As mulheres passam o dobro do tempo dos homens com tarefas de casa. Isso começa cedo, a partir dos 10 anos de idade, como parte do processo de socialização”, explicou Flávia Biroli.

Fonte: Ascom PGT

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