Setor hospitalar lidera ranking de acidentes do trabalho no Brasil

De cada dez acidentes no país, um ocorre em atividades de atendimento hospitalar

De 2017 até hoje, foram registrados no Brasil mais de 768 mil acidentes do trabalho com quase 2.700 mortes. De cada dez acidentes, um ocorre na área da saúde, em atividades de atendimento hospitalar. Os profissionais da enfermagem e da limpeza são os que mais sofrem.

Os dados são do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, lançado em 2017 pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para subsidiar o desenvolvimento, monitoramento e avaliação de projetos, programas e políticas públicas de prevenção de acidentes. São considerados apenas os casos cuja Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT) foi cadastrada no INSS.

No Ceará, foram registrados 3971 acidentes do trabalho no setor de atendimento hospitalar, entre 2012 e 2017. Fortaleza concentra 61% desse total, com 2438 ocorrências no mesmo período. Só em 2017, a capital contabilizou 421 CATs no segmento. Em comparação ao ano anterior, houve redução de 17% no total de registros.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), por ano mais de três milhões de profissionais passam por exposições percutâneas a patógenos sanguíneos e mais de 33 mil pessoas são infectadas pelo HIV em decorrência de injeções reutilizadas ou compartilhadas. A maior prevalência de Infecção Relacionada a Assistência à Saúde (IRAS) ocorre em unidades de terapia intensiva, em enfermarias cirúrgicas e alas de ortopedia. As infecções mais frequentes são as de sítio cirúrgico, do trato urinário e do trato respiratório inferior.

Prevenção e controle

Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mostra que, quando estabelecimentos e profissionais de assistência à saúde têm dimensão do problema e passam a aderir aos programas para prevenção e controle de infecções hospitalares, pode ocorrer redução de até 70% dos casos.

No Brasil, a publicação da Lei nº 9.431 de 06 de janeiro de 1997 – que dispõe sobre a obrigatoriedade da manutenção de programa de controle de infecções pelos hospitais do país –, bem como da Portaria Nº 2616 de 12 de maio de 1998 – que define as diretrizes e normas para prevenção e o controle de tais infecções – evidenciam a preocupação com o tema e justificam a manutenção de um Programa Nacional de Prevenção e Controle das Infecções relacionadas à Assistência à Saúde. Tal programa deve dirigir as ações das Coordenações de Controle de Infecções Hospitalares Estaduais/Distrital/Municipais e de todos os estabelecimentos de assistência à saúde do país, com o objetivo de monitorar a incidência.

Acidentes do trabalho

Define-se como acidente do trabalho aquele que ocorre pelo exercício da atividade profissional a serviço da empresa ou pelos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, permanente ou temporária, que cause a morte, a perda ou a redução da capacidade laboral.

A doenças profissionais também são consideradas acidentes do trabalho. Há também o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência da lesão; além de acidentes sofridos no local e no horário de trabalho; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício da atividade; e o acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a residência e o local de trabalho e vice-versa.

Ranking estadual

As atividades de atendimento hospitalar lideram o ranking de setores econômicos com mais comunicações de acidentes do trabalho, no Ceará. Em seguida vêm fabricação de calçados de material sintético (2.273), fabricação de calçados de couro (2225), construção de edifícios (2.134) e comércio varejista (1.839), principalmente em supermercados e hipermercados.

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